Brasil sobe para 2ª posição no ranking mundial de juros reais após nova alta da Selic
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Brasil sobe para 2ª posição no ranking mundial de juros reais após nova alta da Selic

Por Alessandra Staffortti
21/06/2025 08:10
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Com a elevação da taxa básica de juros (Selic) de 14,75% para 15% ao ano, anunciada na quarta-feira (18) pelo Comitê de Política Monetária (Copom), o Brasil passou a ocupar a segunda posição no ranking mundial de juros reais — aqueles calculados com base nos juros nominais descontada a inflação projetada. O país agora fica atrás apenas da Turquia, que lidera com juros reais de 14,44% ao ano.

A taxa real brasileira chegou a 9,53% ao ano, de acordo com levantamento do portal MoneYou em parceria com a Lev Intelligence. O cálculo considera a expectativa de inflação para os próximos 12 meses, estimada em 5,25% pelo último boletim Focus do Banco Central, e os juros de mercado projetados para o mesmo período. No levantamento anterior, o Brasil ocupava a terceira posição, com 8,65% ao ano.

O ranking inclui dados de 40 países e mostra o Brasil à frente de economias como Rússia (7,63%), Argentina (6,7%) e África do Sul (5,54%). A média global dos juros reais ficou em 1,67% ao ano. Segundo o economista Jason Vieira, responsável pelo estudo, o movimento global de aumento de juros perdeu força, com apenas 6% dos países ainda promovendo altas. O cenário predominante, afirma, é de manutenção das taxas.

— Veja o ranking:

* Turquia: 14,44%

* Brasil: 9,53%

* Rússia: 7,63%

* Argentina: 6,7%

* África do Sul: 5,54%

* Indonésia: 4,31%

* Filipinas: 4,23%

* México: 3,75%

* Colômbia: 3,69%

* Índia: 2,66%

* Tailândia: 2,17%

* Malásia: 1,62%

* Hungria: 1,62%

* China: 1,48%

* Israel: 1,25%

* França: 1,2%

* Cingapura: 1,05%

* República Tcheca: 0,93%

* Austrália: 0,9%

* Suécia: 0,76%

* Polônia: 0,48%

* Estados Unidos: 0,48%

* Coreia do Sul: 0,43%

* Itália: 0,43%

* Reino Unido: 0,28%

* Taiwan: 0,28%

* Chile: 0,24%

* Suíça: 0,05%

* Nova Zelândia: -0,02%

* Espanha: -0,07%

* Bélgica: -0,09%

* Hong Kong: -0,21%

* Grécia: -0,35%

* Alemanha: -0,36%

* Portugal: -0,42%

* Áustria: -1,23%

* Canadá: -1,35%

* Japão: -1,72%

* Dinamarca: -2,1%

* Holanda: -3,24%

Em termos nominais, ou seja, sem descontar a inflação, o Brasil permanece na quarta colocação, abaixo de Turquia, Argentina e Rússia, mas à frente de países como Colômbia, México e África do Sul. A Selic, agora em 15% ao ano, atinge o maior patamar em duas décadas — nível semelhante foi registrado em junho de 2006, durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando os juros chegaram a 15,25% ao ano.

A decisão do Copom marcou a sétima alta consecutiva da Selic, embora em ritmo mais moderado. Em maio, o comitê havia aumentado a taxa em 0,5 ponto percentual, frente ao ajuste atual de 0,25. Em comunicado breve e com tom cauteloso, o Banco Central indicou que segue atento à trajetória da inflação, mesmo com sinais de alívio nos indicadores recentes.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, subiu 0,26% em maio, abaixo do esperado. Apesar disso, o índice acumulado em 12 meses está em 5,32%, ainda acima do teto da meta de 4,5%. O BC reconheceu que a inflação cheia e as medidas subjacentes continuam acima da meta, atualmente fixada em 3% ao ano.

Além das preocupações inflacionárias, o Copom observou que a atividade econômica e o mercado de trabalho mostram sinais de moderação. O Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre cresceu 1,4%, levemente abaixo das expectativas, e dados setoriais de abril reforçaram o quadro de desaceleração. A avaliação é mais cautelosa que a do último encontro do Copom, em maio, quando o comitê ainda falava em crescimento “incipiente”.

O cenário atual indica um desafio para a política monetária brasileira: controlar a inflação persistente sem sufocar ainda mais a economia, que já dá sinais de desaceleração em meio a juros elevados. A manutenção da taxa em patamar tão alto, em contraste com a tendência global de estabilidade ou redução, mantém o Brasil como um dos países com maior custo real de crédito do mundo.




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