Um bom filme costuma se resolver cena por cena. Já um excelente, em progressão geométrica. É como se cada elemento: figurino, objeto, silêncio, fala, pausa, dúvida, desenlace, fosse um gatilho diferente dentro de um filme que acontece, sobretudo, em quem o assiste.
Gênio Indomável acerta na escolha quase virginal do elenco e, em uma tacada, revela dois irmãos de vida que o tempo trataria de consagrar: Matt Damon e Ben Affleck. O primeiro grande filme desses amigos que precediam as telas, se revela nas sutis camadas da comunicação não verbal entre eles. Mas as coisas mudam mesmo quando a espontaneidade e a coragem estonteante de Rachel Majorowski tomam a cena.
Quase trinta anos após o lançamento (1997), o longa segue como uma máquina do tempo capaz de nos levar até uma das almas mais sensíveis do cinema: Robin Williams. O mesmo de Sociedade dos Poetas Mortos e Patch Adams, outros dois que valem o rebobinar.
Gênio Indomável tem elementos cada vez mais raros — não apenas no cinema, mas na vida. A ausência de distrações que hoje carregamos no bolso transforma o filme em um labirinto de encontro consigo mesmo. Outro acerto é privilegiar a autodescoberta em vez do virtuosismo. Afinal, ninguém mais aguenta coachs performando o tempo todo.