Um bom filme sabe jogar com contrastes: de um lado, a identificação — justa ou equivocada — com a falha natureza humana; do outro, o surgimento do inesperado, do que se oculta e só se revela quando tudo aperta.
Boxer, disponível na Netflix, acerta em cheio ao explorar pesos tão contraditórios com a mesma força. Escolhe bem o cenário — a Polônia dos anos 60, sob forte repressão —, a família desestruturada onde o protagonista é lançado, e um personagem que enxerga no boxe não apenas uma forma de resistência, mas um golpe de alegria em meio ao caos.
Boxer também acerta o queixo de temas como alcoolismo, relações familiares e migração. É a prova de que os limites podem, sim, impulsionar. Mas como o próprio filme mostra: chegar ao topo cobra um preço — alto, pessoal e intransferível.