Erebango vive tensão com ocupação indígena
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Erebango vive tensão com ocupação indígena

Por Alessandra Staffortti
23/07/2025 08:21
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A manhã de terça-feira (22) foi marcada por um novo capítulo no histórico de disputas por terra no interior do Rio Grande do Sul. Nesta segunda-feira, 21, um grupo de indígenas ocupou uma área rural na comunidade de Ventarra, no município de Erebango, alegando que trata-se de território tradicional.

Segundo informações da Brigada Militar, os ocupantes ergueram barreiras nas estradas de chão que dão acesso à propriedade, impedindo a entrada de veículos e de pessoas. A ação pegou os moradores de surpresa e causou preocupação entre os produtores rurais da região.

A Brigada foi acionada e esteve no local, além de participar de uma reunião no Sindicato Rural de Getúlio Vargas, que representa agricultores da região. De acordo com nota oficial, a corporação permanece monitorando a área e destaca que a situação é considerada estável e sem confrontos registrados até o momento. Os esforços seguem voltados para a mediação pacífica do conflito, com respaldo das autoridades e eventual decisão da Justiça Federal.

Presidente do Sindicato pede cautela: “A emoção não pode se sobrepor à razão”

O presidente do Sindicato Rural de Getúlio Vargas, Luiz Carlos da Silva, relatou que a entidade está prestando apoio aos produtores e orientando para que tudo seja feito dentro da legalidade:

Fizemos uma reunião com nossa diretoria, produtores e a Brigada Militar. O momento é tenso, mas precisamos de serenidade. O produtor da área deve entrar ainda hoje com pedido de reintegração de posse na Justiça Federal.”

Luiz Carlos reforçou que a prioridade é evitar confrontos:

A Brigada está pronta, mas só poderá atuar se houver decisão judicial. Muitos moradores vivem próximos da área e podem ser prejudicados. É natural que, no calor da emoção, surjam impulsos, mas a razão precisa prevalecer.”

Segundo o presidente, o sindicato está atento também a novas possíveis invasões e orientando outros produtores da região a buscarem proteção jurídica adequada.

Vídeos que circulam nas redes sociais, gravados pelos próprios indígenas, mostram o momento em que um trabalhador rural é abordado por mais de dez pessoas do grupo indígena enquanto operava um trator na área. Nas imagens, um dos líderes do grupo se manifesta de forma clara:

Dá uma parada aí. Querem recorrer à Justiça, podem recorrer. Aqui é nosso. Todo mundo já sabe. Ainda deixamos plantar todos esses anos. Agora é melhor dar uma parada, que quem vai aproveitar somos nós. Amanhã ou depois vamos botar o pessoal pra acampar, morar, fazer suas casas. Tá dado o recado. Se tu acha que tem direito na Justiça, pra nós não tem problema nenhum, vamos juntos. Bora lá, piazada, armar suas casinhas aí.”

Em outro vídeo, o mesmo homem convoca indígenas de outras localidades a se juntarem à ocupação e solicita apoio de instituições públicas:

Os parentes ao redor de Ventarra, Ligeiro, o pessoal do INCRA, se quiserem nos ajudar, estão convidados. Essa é a nossa retomada. Há mais de 30 anos estão plantando essa terra. Hoje decidimos que não vamos deixar mais plantar. Vamos fazer nosso acampamento aqui. Queremos aqui a Funai, a CESAI, o Ministério Público. Os órgãos que sempre nos ajudaram quando precisamos. A terra é nossa, o chão é nosso. Estamos juntos.”

Não há, até o momento, confirmação oficial se o homem que aparece nas imagens é cacique ou liderança reconhecida formalmente pela comunidade indígena ou pela Funai.

A Brigada Militar reforça que não houve registro de agressões físicas ou confrontos diretos, mas que a situação é monitorada em tempo real. A Justiça Federal deve avaliar o pedido de reintegração de posse que será apresentado pelo proprietário da área nas próximas horas.

O caso mobiliza órgãos como o Ministério Público Federal e Funai, que poderão se manifestar oficialmente diante da ocupação.

A comunidade de Ventarra, onde vivem dezenas de famílias produtoras, segue em alerta, enquanto lideranças indígenas anunciam o início da instalação de acampamentos no local.

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Fonte:

Uirapuru




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