Quando um filme é bom, ele o é por completo. Sonhos de Trem acerta na escolha do homônimo que o precede nas páginas, na sinestesia dos silêncios em tela que amplificam o peso das poucas palavras, na escolha do narrador e, o mais importante, no calibre de seu protagonista.
O filme é um mergulho existencial na passagem de uma vida: oitenta anos de um órfão que, em meio a um mundo contrastado pela Revolução Industrial e ao próprio estranhamento diante da solidão, se projeta como sina. Repare também em como a vida pode ser iluminada e justificada através de alguns encontros. E em como a passagem do tempo, em especial a do clima, que surge como um dos personagens da narrativa que modifica não apenas o cenário, mas a própria história.