Serra Gaúcha pode levar até 40 anos para recuperar o solo após enchentes do ano passado
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Serra Gaúcha pode levar até 40 anos para recuperar o solo após enchentes do ano passado

Estudo indica perdas significativas em componentes do solo

Por José Augusto Pirolli da Silva
17/03/2025 08:35
Atualizado: 17/03/2025 08:51
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As enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio do ano passado causaram danos severos a diversas regiões. Um dos locais mais afetados foi a Serra Gaúcha, onde, pomares da região sofreram perdas de mais de 85% do estoque de carbono no solo. O professor da Universidade Federal de Santa Maria, Gustavo Brunetto, falou a respeito da situação e destacou que a recuperação deste nutriente e a normalização do cenário poderá levar de 14 a 40 anos.

O estudo, que resultou na conclusão da situação do solo serrano, foi apresentado durante o seminário RS Resiliência e Sustentabilidade, realizado na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Diversos especialistas estiveram reunidos nas discussões que visaram os impactos das enchentes e a atual situação climática do estado. Possíveis soluções para a crise ambiental também foram debatidas.

Segundo Brunetto, as enchentes causaram diversos problemas para agricultura de forma geral, porém, a fertilidade do solo foi um dos pontos em que as perdas e impactos foram mais significativos. A chuva intensa nas cidades da Serra Gaúcha, que ocorreram em um curto período, provocou o escoamento superficial da água e a erosão do solo, com a transferência de terra das áreas mais altas para as mais baixas. "Isso gerou perdas significativas, especialmente na camada superficial do solo, já que a água não conseguiu infiltrar adequadamente", disse o professor.

Outro ponto destacado por Brunetto foi a redução nos níveis de fósforo em áreas de deslizamento, como foi observado em Bento Gonçalves. Com a degradação do solo provocada pelas chuvas excessivas, se essas áreas forem retomadas para a agricultura, os produtores terão que recorrer a fertilizantes adicionais, o que provavelmente acarretará um aumento nos custos de produção. Além disso, a perda de fósforo pode intensificar a contaminação das águas.

Para lidar com esses desafios, o professor defendeu a adoção de estratégias baseadas no conhecimento e em investimentos adequados. Ele destacou que é essencial implementar práticas agrícolas conservacionistas, como a calagem, que corrige a acidez do solo, neutraliza o alumínio e fornece nutrientes como cálcio e magnésio. Além disso, a adubação também é crucial para a recuperação da fertilidade do solo.

Brunetto reforçou a importância de ações planejadas e de longo prazo para mitigar os danos futuros e garantir que os produtores possam voltar a cultivar suas áreas de maneira sustentável, mesmo diante de eventos climáticos extremos como as enchentes.

Jornalismo Rádio Tapejara – Informações obtidas junto ao Jornal O Sul




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