Passo Fundo: após atropelamento, moradores dos bairros São José e Leonardo Ilha cobram mais segurança na RS-135
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Passo Fundo: após atropelamento, moradores dos bairros São José e Leonardo Ilha cobram mais segurança na RS-135

Jovem de 15 anos foi atropelado na quinta-feira

Por Belchyor Teston
16/06/2024 06:20
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Moradores dos bairros Leonardo Ilha e São José, de Passo Fundo, reivindicam melhorias para ampliar a segurança no trecho de acesso aos bairros pela RS-135. Os protestos se intensificaram na última quinta-feira (13), depois que um adolescente de 15 anos foi atropelado por um caminhão enquanto atravessava a via com dois amigos. Em 21 de abril, um homem morreu e uma mulher ficou ferida após atropelamento no local.

Apesar das placas de 60km/h, basta observar o local para perceber que muitos veículos ultrapassam o limite de velocidade. Além disso, a via não oferece locais seguros para pedestres: a única alternativa é andar pelo acostamento. GZH Passo Fundo esteve no trecho na manhã desta sexta (14) e flagrou cenas em que os pedestres se colocavam em risco diante da necessidade de atravessar a rodovia. Por muito pouco algumas situações não se transformaram em novos acidentes.

A pedido dos moradores, desde 2019 tramita um processo judicial movido pelo Ministério Público para a instalação de lombada eletrônica no trecho urbano da RS-135 que liga Passo Fundo a Erechim. Passados cinco anos, nenhuma intervenção para melhorar a segurança do trecho foi tomada.

A presidente da Associação dos Moradores do bairro Leonardo Ilha, Roberta Siqueira Soares, lembra de pelo menos 30 mortes por atropelamento no trecho nos últimos 30 anos, tempo que vive no local. Segundo ela, a movimentação de pedestres é intensa porque muitos moradores acessam o bairro São José para ir a farmácias, supermercado e postos de saúde. Enquanto isso, quem vive no São José atravessa a rodovia para ir a escolas e universidade do bairro vizinho.

"É um verdadeiro descaso com a nossa comunidade. Quantas pessoas vão precisar perder a vida até que uma atitude seja tomada? Ninguém respeita os limites de velocidade. Precisamos que as autoridades competentes se movimentem o quanto antes para a implementação desta lombada. Sabemos que não vai solucionar todo o problema, mas certamente vai amenizar", disse.

Na próxima semana, a comunidade Leonardo Ilha vai realizar um protesto pacífico às margens da rodovia pedindo mais segurança no trecho. Conforme Roberta, os nomes de todas as pessoas que já morreram por atropelamento no trecho serão colocados em cruzes para lembrar o perigo e as vítimas da via.

"Ferida que nunca vai cicatrizar"

O filho de Isolde Salete Nunes, 49 anos, é uma das vítimas do local. Ele morreu atropelado em 2020, aos 22 anos, quando atravessava a rodovia com dois amigos no seu aniversário, em direção à casa da mãe, no bairro Leonardo Ilha.

"É uma ferida que nunca vai cicatrizar, uma dor diária. Um guri novo, cheio de saúde, que foi vítima da negligência. O que mais dói é ver que nada foi feito, tudo continua do jeito que estava, os carros trafegando em alta velocidade e os pedestres todos os dias se expondo ao risco de serem atropelados, pois não há locais seguros para atravessar a via", relata.

Segundo Isolde, além da lombada eletrônica o ideal seria um espaço, como uma passarela, onde a população pudesse atravessar a via em segurança sem se expor ao risco de transitar entre os carros.

Lombada não foi instalada por questões burocráticas

Conforme o promotor do Ministério Público, Paulo Cirne, desde o inquérito civil do Ministério Público que solicitou a implantação da lombada eletrônica no local já foram realizadas audiências com os órgãos e apresentado um estudo técnico elaborado pela prefeitura. Mas, por questões burocráticas, a lombada ainda não foi instalada e o processo segue em tramitação.

"O Daer (Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem) e a EGR (Empresa Gaúcha de Rodovias) sabem que, no entendimento judicial, têm discricionariedade sobre a decisão dessa intervenção na via e, por isso, retardam a adoção dessa medida. Mas já foi retardado demais, os órgãos precisam entender que essa é uma obra urgente e merece prioridade para que ao menos se diminua o risco de acidentes com mortes ou lesões graves nessa região da cidade", afirmou.

O promotor disse ainda que o Ministério Público deve convocar uma audiência pública com Daer e EGR nos próximos dias para que se manifestem a respeito dos últimos acontecimentos na localidade e as reivindicações da comunidade.

O que dizem o Daer e a EGR

Questionado, o Daer afirmou que o trecho fica sob responsabilidade da EGR. A EGR, por sua vez, enviou comunicado onde afirma que a implantação de dispositivos eletrônicos no controle de velocidade do local está em fase de análise pelo Daer.

A empresa disse, ainda, que avalia a possibilidade de construção de uma travessia elevada para pedestres no km 9 da rodovia como medida alternativa até a implantação da lombada eletrônica. A estrutura deve ter 13 metros entre a pista e o acostamento, com 10 centímetros de altura, a fim de reduzir a velocidade de veículos no local. Leia a nota na íntegra:

"A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) lamenta profundamente o ocorrido. A EGR informa que regularmente realiza obras, intervenções e serviços de reforço na sinalização horizontal e vertical ao longo da RS-135. A implantação de dispositivos eletrônicos de controle de velocidade no quilômetro 09 está em fase de análise pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), órgão competente em questões de trânsito.

A EGR está avaliando a possibilidade de construção de uma travessia elevada para pedestres no quilômetro 09 da rodovia como medida alternativa até a implantação da lombada eletrônica. Esta estrutura, que terá 13 metros entre a pista e o acostamento, com 10 centímetros de altura, visa reduzir a velocidade de veículos no local e, principalmente, garantir a segurança dos pedestres que diariamente transitam entre as áreas urbanas próximas da rodovia.

Em anos anteriores, a EGR reforçou a trafegabilidade da via mediante a execução da sinalização preventiva entre o quilômetro 8,6 e o quilômetro 9,1, por meio da instalação de duas faixas de segurança onde há fluxo mais intenso de pedestres. Além disso, também foram implantadas linhas de estímulo à redução de velocidade, determinando um limite de 50 km/h nessa área. Essas medidas são reforçadas com o constante trabalho de manutenção e revitalização da rodovia.

Todo esse conjunto de ações visa aprimorar a fluidez do tráfego e aumentar a segurança dos usuários da rodovia, em especial dos pedestres que circulam na região, mas principalmente para conscientizar os motoristas sobre a importância de respeitar os limites de velocidade e as normas de trânsito vigentes".

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Fonte: GZH / Passo Fundo




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