A forte ressaca que atinge o litoral gaúcho é provocada por um ciclone extratropical, segundo o geógrafo, mestre em Geociências e com doutorado em Climatologia e Mudanças Climáticas entre a Antártica e o sul do Brasil, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Francisco Aquino. Em Capão da Canoa, por exemplo, donos de quiosques reclamam que o avanço da água tem provocado redução nas vendas. Ao caminhar pela orla, é possível ver famílias inteiras com seus guarda-sóis e gazebos montados em dunas ou até mesmo no gramado próximo ao calçadão. Em Arroio do Sal, guaritas de guarda-vidas foram destruídas. Em Torres, houve danos em quiosques nas praias Grande e dos Molhes.
Aquino explica que a também chamada ciclogênese se formou no dia 20 de fevereiro, chegando à costa gaúcha. Conta que eventos semelhantes, mas que provocaram tempestades, vêm ocorrendo desde janeiro em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
—A intensidade e a posição desse ciclone organizaram um trem de ondas que percorreu mais de três quilômetros, alinhado pela costa. O efeito disso é crescer a altura das ondas e empilhar o mar em direção à costa – explica o professor, ao destacar que o nível do mar sobe entre meio e um metro nesses casos, mais a formação das ondas.
Segundo Aquino, o pior já passou. Diz que o auge do ciclone ocorreu no sábado (22) e seus efeitos tendem a diminuir nos próximos dias, até acabar no dia 25, já depois do Carnaval.
Segundo o professor, praias com menos dunas frontais são mais suscetíveis para o avanço do mar. Diz que dependendo da intensidade do ciclone extratropical, o mar pode avançar em calçadões e vias à beira-mar.