Nos últimos anos, a liberação de registros de agrotóxicos no Brasil, pelo governo federal, vem em um ritmo crescente e acelerado. Em 2016, o país deu o aval para que 277 novos produtos passassem a ser usados nas lavouras brasileiras, em 2017 esse número subiu para 405 e, em 2018, chegou a 450. Somente neste ano, de janeiro a junho, o país já contabiliza a liberação de mais 197 agroquímicos.
O retrospecto vem causando preocupação entre ambientalistas e profissionais ligados à área da saúde. Sob a premissa de que se trata de mais veneno sendo dispensado à população, diversas frentes contrárias chamam atenção para os problemas decorrentes dessas liberações tanto para a saúde humana quanto para o meio ambiente. É o caso da doutora Vanderléia Laodete Pulga, que atua como docente no curso de medicina da UFFS-Passo Fundo e integra a ABRASCO (Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva), entidade que, a partir de 2012, publicou quatro dossiês com evidências científicas que apontam para impactos e danos irreversíveis e progressivos a partir do emprego de agrotóxicos.
- Todos estamos sujeitos à algum tipo de contaminação, pois os agrotóxicos estão no ar, na terra, na água e nos alimentos. O risco é ainda maior para aqueles que manuseiam essas substâncias, sobretudo quando não fazem o uso de Equipamentos de Proteção Inidvidual (EPIs) - observa Vanderléia.
Ela também cita um estudo publicado em 2012 pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/FIOCRUZ) conduzido pelos pesquisadores Cleber Remonese, Carmen Freire, Armando Meyer e Sergio Koifman. "Essa pesquisa observou que grande parte dos agrotóxicos apresenta capacidade de desregulação do sistema endócrino humano, o que altera os níveis de hormônios sexuais, causando efeitos adversos, principalmente sobre o sistema reprodutor. O câncer de mama e do ovário, a desregulação do ciclo menstrual, o câncer de testículo e próstata, a infertilidade, o declínio da qualidade seminal e a malformação de órgãos reprodutivos são alguns dos exemplos dessas complicações", pontua.
Os pesquisadores registraram, ainda, que com o aumento do consumo nacional de agrotóxicos, tanto no agronegócio, como na agricultura familiar, crescem as evidências de que a utilização destas substâncias não está apenas relacionada especificamente à produção agrícola, mas se transforma em um problema de saúde pública.
Entre os problemas de saúde acarretados pela intoxicação desses alimentos, o dossiê chama atenção para o aparecimento de cânceres, Malformações Congênitas (MC), distúrbios endócrinos, neurológicos e mentais.
Fonte:
O Nacional
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