Nova portaria será publicada nesta sexta-feira.
O Ministério da Justiça informou nesta quinta-feira (19) que limitará o papel do grupo criado com o objetivo de assessorar o ministro nos processos sobre demarcação de terras indígenas.
Nesta quarta (18), o governo criou, por meio de portaria, o Grupo Técnico Especializado (GTE), responsável por elaborar pareceres sobre demarcações e subsidiar o ministro antes de ele decidir sobre o assunto.
A criação do grupo, contudo, mudou o processo de demarcação, isso porque, atualmente, o ministro da Justiça decide com base em estudos antropológicos da Fundação Nacional do Índio (Funai)
Embora a portaria que criou o GTE não excluísse o parecer do órgão, relativizava o peso do relatório da Funai, uma vez que outras instituições passariam a ser consultadas, entre a quais "partes interessadas, diretamente ou por meio de organizações e associações legalmente reconhecidas".
Segundo o Ministério da Justiça, uma nova portaria, então, será publicada no "Diário Oficial da União" nesta sexta (19) limitando o papel do grupo especializado, com o objetivo de evitar "qualquer interpretação errônea".
A nova portaria
De acordo com a assessoria da pasta, o GTE, conforme previsto inicialmente, continuará sendo formado por representantes da Funai, da consultoria jurídica do ministério, da Secretaria de Direitos Humanos e da Secretaria da Igualdade Racial, mas terá poder de atuação limitado.
Algumas atribuições, como a realização de audiências públicas, por exemplo, não existirão mais. O grupo deverá assessorar o ministro da Justiça por meio de análises.
O governo também informou que irá revogar as seguintes atribuições do grupo:
• Provas da ocupação e do uso históricos das terras e dos recursos por membros da comunidade, bem como da reunião das condições necessárias para a caracterização do território para o desenvolvimento da comunidade;
• O desenvolvimento de práticas tradicionais de subsistência e de rituais, bem como a delimitação de terra em extensão e qualidade suficiente para a conservação e o desenvolvimento de seus modos de vida;
• Demonstração de que a terra garante o exercício contínuo das atividades de que obtém o seu sustento, incluindo a sua viabilidade econômica, e das quais dependa a preservação de sua cultura;
• Estudos e documentos técnicos;
• O cumprimento da jurisprudência do STF sobre a demarcação de terras indígenas.
Mudança nas regras sobre demarcação
Constantemente, a bancada parlamentar ruralista no Congresso Nacional pressiona o governo a alterar as regras de demarcação.
Atualmente, há uma Proposta de Emenda à Constituição em análise na Câmara, a PEC 215, que transfere do Executivo para o Legislativo a responsabilidade sobre a demarcação - o projeto é alvo de frequentes protestos de povos indígenas.
Novo comando da Funai
Na semana passada, organizações não governamentais e líderes indígenas ouvidos pelo G1 criticaram o governo por ter nomeado, com base em indicações políticas, o novo presidente e um diretor da Funai.
No útlimo dia 12, o Ministério da Justiça anunciou o dentista Antônio Fernandes Toninho Costa como novo presidente da fundação e o general Franklimberg Ribeiro de Freitas para o comando da Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável do órgão.
Os dois foram indicados pelo PSC, partido conservador de centro-direita que integra a base de apoio do presidente Michel Temer no Congresso.
Em 2016, contudo, o PSC já havia indicado o general da reserva Sebastião Roberto Peternelli Júnior para a presidência da Funai, mas, diante da repercussão negativa da indicação, o governo anunciou que não nomearia o general e procuraria "outro perfil".
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