Proposta de reforma do Ensino Médio gera críticas
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Proposta de reforma do Ensino Médio gera críticas

Projeto irá ao Conselho Nacional de Educação.

24/09/2016 07:22
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As mudanças no Ensino Médio, anunciadas na quinta-feira (22), provocaram a críticas de educadores. Um dos pontos mais polêmicos é que educação física e artes, por exemplo, não aparecem como disciplinas obrigatórias.

As mudanças propostas pelo governo foram publicadas nesta sexta-feira (22) no Diário Oficial. Estão na medida provisória, e esse foi o primeiro problema apontando por educadores.

“Nos preocupa porque consideramos fundamental que toda medida, toda política educacional seja fruto de uma discussão que envolva professores, gestores, família e alunos do Ensino Médio que tanto tem a dizer”, disse Ana Helena Altenfelder, Centro Estudos e Pesq. em Educação.

A proposta de reforma do Ensino Médio virou tema de discussões no encontro sobre educação que reúne, no Rio, professores e especialistas do Brasil e do mundo.

Um dos pontos mais criticados foi a redução do currículo. Matemática, português e inglês são obrigatórios, mas educação física e artes, por exemplo, não aparecem como disciplinas obrigatórias.

Os especialistas defendem que a educação física seja obrigatória porque é importante para a saúde do aluno.

“Acabamos de ter dois megaeventos, que foram a Olímpiada e Paralimpíada, que incentivou toda a população e mostrou a importância da atividade física e do esporte. As pesquisas mostram que o problema de obesidade infanto-juvenil está aí, batendo à porta de todo mundo. E aí querem retirar uma das poucas oportunidades de muitos que é fazer atividade física na escola”, afirma Wagner Gomes, Conselho Fed. Educação Física.

“Deve ter havido um apagão na escolha da retirada desse material. Porque a educação física tem relação com todas as disciplinas, vão da literatura até a questão da física, da história. Então é um equívoco”, aponta Fernando Almeida, pedagogo e prof. PUC-RIO.

O novo currículo do Ensino Médio também vai ter disciplinas opcionais em cinco áreas de conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional.

Os alunos vão poder escolher o que querem estudar, de acordo com o que a escola oferecer.

“As mudanças estão na direção correta porque enfrentam gargalos do Ensino Médio, 13 disciplinas, com excesso de conteúdo, todas obrigatórias, para todos os estudantes, aqui, muito é pouco. A maioria dos estudantes não aprende nada. Ficam decorando e sem ver sentido naquilo que estão estudando”, disse Ricardo Henriques, super. do Instituto Unibanco.

Pela medida provisória, a carga horária também vai ficar diferente. Aumenta de 800 para 1,4 mil horas por ano. Mas o ensino integral será adotado aos poucos.

“Importante a ampliação do tempo, mas é importante se pensar o que será feito nesse tempo, e como as atividades propostas, os conhecimentos que são oferecidos aos alunos vão contribuir para esse desenvolvimento integral”, afirmou Anna Helena Altenfelder, do Cenpec.

“Está provado que não são mais horas que vão dar lugar a melhor educação. É qualidade da educação que tem que ser outra”, disse José Pacheco, educador.

No Rio, onde participou nesta sexta-feira (22) de um evento, a secretária executiva do MEC defendeu a medida provisória apresentada pelo governo federal.

Ela ressaltou que, por enquanto, não há nenhuma mudança prática e que toda a grade curricular atual está mantida. “Nós temos diretrizes curriculares do Ensino Médio que estão em vigor, essas diretrizes estabelecem os componentes curriculares obrigatórios entre eles, arte e educação física”, disse.

As mudanças propostas ainda serão discutidas com secretários estaduais de Educação e com professores.

Estão previstos seminários em outubro e novembro. E depois as propostas terão que ser analisadas pelo Conselho Nacional de Educação.

Maria Helena Guimarães de Castro disse que, apesar de a medida provisória estabelecer que as disciplinas de matemática, português e inglês são obrigatórias, ainda não há definição sobre as outras disciplinas que farão parte da base nacional curricular comum.

“O que nós teremos é uma nova base nacional curricular comum que será discutida e depois encaminhada ao Conselho Nacional, que provavelmente será aprovada no ano que vem, no segundo semestre do ano que vem, e a próxima base nacional curricular comum deverá também manter a educação física e a arte, o ensino de artes como componente de ensino curricular obrigatório dentro das áreas de conhecimento que poderão ser flexibilizadas”, afirmou.

Ela afirma que o mais importante é a possibilidade de flexibilização e escolha dos conteúdos pelo próprio aluno.

“Ele pode compor o seu currículo, de acordo com seu projeto de vida, com suas aspirações. Ela abre a possibilidade de uma formação mais eletiva de acordo com os interesses do aluno e, ao mesmo tempo, estabelece uma ampliação da carga horária de Ensino Médio, evoluindo para um ensino tempo integral gradativamente”, completou.




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