No dia 2 de outubro, milhares de eleitores brasileiros irão às urnas podendo "escolher" apenas um candidato para governar o seu município pelos próximos quatro anos. O Rio Grande do Sul tem 32 das 97 cidades do país nas quais foram fechados acordos entre os partidos ou a falta de opções impõem eleições com só um concorrente ao cargo de prefeito. Para esses políticos, basta um voto para garantir a posse. Não à toa, a maioria das chapas tem nos nomes as palavras "união", "juntos" e "todos".
A legislação eleitoral prevê que, para ser eleito em municípios com menos de 200 mil habitantes, um candidato único deve obter a maioria dos votos válidos. Como brancos e nulos não são considerados, se o candidato votar nele próprio, já estará eleito. Em tempos de acirramento político em todos os níveis de governo, a ausência de disputa para algumas prefeituras desperta reflexões sobre o impacto na gestão pública. Esse tipo de situação não é inédito: em 2012, 106 municípios brasileiros tiveram candidatos a prefeito aclamados.
...
Em São José do Ouro, candidato único busca superar impugnação
A assombração da última eleição em São José do Ouro ainda perturba políticos e moradores da cidade de 6,9 mil habitantes no norte do Estado. Além de opor partidos tradicionalmente rivais, como PP e PMDB, a disputa contou com as indesejáveis — para as siglas — presenças da Polícia Federal e do Ministério Público, que investigaram e denunciaram dezenas de pessoas por compra de votos.
Os próprios candidatos reconhecem que a prática havia tomado conta da cidade. A cada esquina, grupos negociavam apoio em troca de comida e combustível, entre outros itens. Com as duas chapas principais cassadas pela Justiça Eleitoral, restou aos ourenses voltar às urnas para eleição suplementar em 2013. Agora, as mesmas legendas que se digladiavam em busca do poder resolveram chegar ao consenso.